Wednesday 14 January 2009

Gaza: hora de golpear o terrorismo

Tomo a liberdade de reproduzir abaixo um artigo do Gustavo Ioschpe, que saiu na Folha de S. Paulo. EXELENTE! Favor repassar a todos. Agradeço minha avó Myrian que me mandou por email :-)

Gaza: hora de golpear o terrorismo
Por Gustavo Ioschpe*

   A Cobertura do conflito entre Israel e Hamas surpreende pela omissão de dois fatos simples e indispensáveis. Primeiro: Israel não ocupa Gaza desde 2005. Segundo: o Hamas é uma organização terrorista. Não são “milicianos”, “radicais”, “fundamentalistas”. O que diferencia o Hamas é o uso de métodos terroristas para alcançar seus objetivos. Objetivos, aliás, públicos e antigos: constam de sua carta de fundação, de 1988, solenemente ignorada pela imprensa.
     Em seu documento, o Hamas declara “trabalhar para impor a palavra de Alá sobre cada centímetro da Palestina” (art. 6º). Aqui, “Palestina” é a histórica: território que hoje inclui Israel, Gaza e Cisjordânia. Essa formulação prega a destruição de Israel e a criação de um Estado islâmico, governado pela sharia (a lei muçulmana).
   No artigo 7º, o Hamas cita “o profeta [Maomé]: “o julgamento final não virá até que os muçulmanos lutem contra os judeus e os matem’”. No artigo 11, declara que a Palestina é um “Waqf”: terra sagrada e inalienável para os muçulmanos até o Dia da Ressurreição e que, pela origem religiosa, não pode, no todo ou em parte, ser negociada ou devolvida a ninguém.
   Há outros trechos interessantes -o Hamas deixa claro o papel dos intelectuais e das escolas, que é de doutrinamento para a jihad; das mulheres (”fazedora de homens” e administração do lar) e até determina o que é arte islâmica ou pagã -que permitem ao leitor antever o paraíso de liberdade em que se tornaria a Palestina caso a sua visão fosse concretizada.
   Também há artigos em que o antissemitismo do grupo acusa a comunidade judaica internacional de dominar a mídia e as finanças internacionais e de ter causado a Segunda Guerra Mundial, em que 6 milhões de judeus foram assassinados.
   O documento flerta tanto com o ridículo que ele mesmo esclarece, no artigo 19, que “tudo isso é totalmente sério e não é piada, pois a nação comprometida com a jihad não conhece a jocosidade”. Quanto à seriedade do Hamas, não resta a menor dúvida, e seria bom que a comunidade internacional deixasse de tratá-los como pobres coitados e os visse como o que são: genocidas que só não implementam sua visão por inabilidade.
   A realidade no Oriente Médio mudou, mas a imprensa brasileira não se deu conta. Passou tanto tempo atacando Israel por sua ocupação contra os pobres palestinos que continuam a dirigir sua sanha acusatória três anos depois do fim da ocupação.
   Qual é a justificativa do Hamas para disparar foguetes contra a população civil israelense? Nenhuma. Para alguns, seria uma reclamação contra o bloqueio da fronteira. Essa é uma maneira totalmente ilegítima e inaceitável de protestar. Para notar o absurdo, basta imaginar se o Uruguai resolvesse lançar foguetes sobre a Argentina quando esta bloqueou suas fronteiras por causa da “guerra das papeleiras”.
   Pode-se realmente exigir de Israel que abra suas fronteiras a uma organização que deseja destruí-lo? Por que o Egito também bloqueia sua fronteira com o Hamas (apesar de ninguém protestar por isso)? Será por que o grupo usa a fronteira para contrabandear armas?
   Quaisquer que sejam as razões do Hamas para a campanha de pirotecnia -campanha assustadora, que já lançou mais de 3.500 foguetes contra Israel-, nenhum Estado pode tolerar essa agressão contra seus cidadãos.
   Comentaristas sugerem a resolução do problema por vias pacíficas, mas ninguém menciona exatamente como se daria a negociação, já que o Hamas não reconhece a existência de Israel. Aqueles que reconhecem o direito de resposta de Israel o fazem com duas condicionantes: que a resposta seja proporcional ao ataque e que civis não sejam vitimados.
   A exigência de proporcionalidade é uma sandice. Levada ao pé da letra, significa pedir que um Estado democrático constitucional lance foguetes a esmo contra uma população civil indefesa. Outra “saída” seria a morte de mais soldados israelenses. Ou, melhor ainda, civis. Ninguém menciona que, na Segunda Guerra, morreram 22 vezes mais civis alemães do que ingleses. O dado é ignorado com razão.
   A contabilidade é irrelevante. Hitler precisava ser derrotado.
   É certo que a morte de qualquer civil é uma tragédia. Uma vida é uma vida. Mas, quando os acusadores se espantam que 20% ou 25% dos mortos sejam civis, eu me espanto pelo contrário: é preciso enorme controle e apreço pela vida de inocentes para que, em uma região densamente povoada e contra um inimigo que se esconde em regiões urbanas, o índice de acerto seja de 75% a 80%.
   Os membros do Hamas se escondem em áreas residenciais, em prédios cheios de crianças. Agem de tal maneira que, em seu confronto com as democracias ocidentais, nós sempre saímos perdendo: ou pagamos com as vidas de nossos civis ou com um pouco da nossa civilidade.
   Não há maneira militar de derrota-los em definitivo. A melhor saída é drenar o pântano: chegar a um Estado palestino com os moderados do Fatah e investir para que o atraso econômico e a sensação de derrota e humilhação de muitos países árabes sejam amenizados. Fazer com que o caminho da paz e da prosperidade seja mais atraente que o terrorismo.
   Enquanto isso não acontece, é preciso mão forte para combater o terrorismo que já nos atinge. Ontem em Nova York, hoje em Gaza, amanhã provavelmente em outras capitais do mundo civilizado.

* Gustavo Ioschpe, 31, mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale, é articulista da revista “Veja” e foi colaborador da Folha . É autor de “A Ignorância Custa um Mundo” (Prêmio Jabuti 2005).
Link para o artigo no site World’s Observatory

4 comments:

  1. Infelizmente, a atitude do Hamas e de outros grupos que relutam em aceitar a existencia do Estado de Israel se dá como consequencia da maneira pela qual o Estado de Israel foi criado e declarado independente. É difícil para nós simpatizantes do Estado judaico e admiradores da sua historia de progresso admitir que a concretização desse sonho se deu às custas do despatriamento e remoção de milhares de pessoas que lá viviam, trabalhavam e tinham suas casas, muitas vezes convivendo, em um boa relação, com a minoria de habitantes judeus , e posteriormente, com os outros recém-chegados.Entretanto, no Estado judeu não havia lugar para esses outros habitantes, que eram muito mais numerosos que os judeus. A conquista da independencia da nação judaica se deu, inclusive, com práticas que hoje seriam igualmente consideradas terroristas, ou esquecemos que a Haganá era considerada um grupo armado terrorista? O grande ataque ao hotel King David em Jerusalem realizado por esse grupo foi o que se não um ataque terrorista ?! Para não citar dezenas de outros acontecimentos precursores da criação do Estado de Israel. Ainda hoje não há espaço igualitário para todos os cidadãos no Estado de Israel, e eu admito isso com muito pesar, pois sou uma apaixonada por Israel, sua lingua e cultura. Israel é um Estado judeu, e nasceu para dar um lar aos judeus espalhados pelo mundo, mas ignorou o fato de que naquelas terras sempre viveram outras populações que possuiam o direito de lá viver, é assim desde os tempos bíblicos, para aqueles que gostam de justificar a existência de Israel na Bíblia. Mesmo antes da diáspora os judeus não viviam em Israel sozinhos, e aquelas terras não eram terras exclusivamente judaicas. Então o que foi feito a partir da criação de Israel, senão tornar, sumariamente, todas aquelas terras judaicas, regidas sobre suas leis e costumes, ignorando as demais culturas lá existentes? Podemos admitir que a ciração de um Estado Palestino desmembrado em duas regiões isoladas, Gaza e Cisjordania, seja realmente satisfatória para os palestinos? E se a situação fosse a inversa, nós judeus e descendentes, aceitaríamos essa condição?
    Terrorismo nunca será a solução, os milhares de foguetes que caem no sul de Israel são tão odiáveis quanto as bombas despejadas sobre Gaza, pois suas principais vitimas são pessoas inocentes. E , ao final, o resultado de tudo isso é apenas mais ódio e desejo de retaliação em ambos os lados.
    E por mais que não exista uma solução mágica para esse sem-fim de conflitos, já vimos, historicamente, que guerra por guerra continuaremos na mesma, até que as vozes moderadas de ambos os lados se façam ouvir em detrimento dos radicais que sempre guiaram os acontecimentos.
    Tenho acompanhado os seus posts mas só hoje tive tempo para comentar...vou tentar faze-lo mais vezes. Tudo de bom pra vc aí nessa terra que morro de saudades, e que a paz se (re)estabeleça rapidamente!
    Beijos

    Danielle

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  2. Olá Danielle.
    Um breve comentário. A Haganá não era um grupo terrorista. Você pode chamar o Etzel (irgun) e Lechi de terroristas, a haganá não. Foi o Etzel que bombardeou o hotel King David.
    Concordo que "os milhares de foguetes que caem no sul de Israel são tão odiáveis quanto as bombas despejadas sobre Gaza, pois suas principais vitimas são pessoas inocentes." Mas não há uma simetria entre as partes. 100% dos foguetes do Hamas são destinados a matar civis, enquanto que Israel nunca tem planejado matar civis. É uma diferença importante.
    Obrigado pelo comentário e pelas visitas ao blog!

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  3. Gostaria de dizer algumas palavras a Danielle que parece não conhecer totalmente os fatos que ocorreram quando da partilha da Palestina. Então vamos aos fatos.Nas horas que se seguiram a fundação da terra de Israel, Egito Siria e Jordania, as grandes potencias locais na época, convocaram e exigiram que os árabes de Israel se retirassem da lá pois em uma semana a terra seria libertada e devolvida a eles que então poderiam retornar a suas casas.Após esta convocação, 750.000 árabes que hoje são chamados de palestinos sairam voluntariamente de suas casas e abandonaram suas terras para observarem de dentro destes paises Israel ser jogado ao mar, o resto desta história você já conhece e hoje eles são 3 milhões e provavelmente você deve achar que eles devem voltar a suas casas não só causando um desequilibrio demográfico insolúvel como também mesmo que isto fosse possivel destruindo a economia local.Danielle, hoje lamentávelmente vemos os EUA iniciarem um processo de queda de seu orgulho e patriotismo, porque de tanto a midia e o mundo repetirem tantas vezes em discurso afinado que eles são imperialistas e o mau do mundo,o povo acreditou e elegeram um presidente que é uma fraude (em pouco tempo você saberá do que estou falando) por simples "bom mocismo" o elegeram. Israel seu povo e principalmente os Judeus que estão fora de lá não devem acreditar o mais minimo que seja que Isarel está errado ou tem posições imperialistas ou qualquer coisa que o valha, pois isto é arma de uma midia mundial e esquerdista que só quer o mau de Israel pelo simples fato de Israel existir e isto tem um nome: "Guerra Assimétrica". Não se deixe enganar, quando você tiver dúvidas a qualquer tempo não consulte os jornais/midia, vá as fontes primárias e lá sim você verá a verdade e poderá entÃo formar o seu pensamento.Israel não deve ceder, tenha em mente que a razão e o senso de justiça está com Israel. Não acredite em nada do que você ler ns midias oficiais ou então será o fim.

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  4. Nossa,infelizmente tenho que dizer!
    Eu confesso que estou totalmente decepcionado com o autor deste blog,mas ao mesmo tempo entendo sua posição.
    Infelizmente eu tive o desagrado de presenciar a última guerra entre Israel e o Hezbollah,e o que o vi foi uma total falta de respeito à vida por parte do exército israelense.Eu estava lá trabalhando junto com a equipe dos Médicos sem fronteiras e vi os horrores da guerra.Sei que muitos israelenses nem se quer procura saber sobre a história de seu país e muito menos,as quantas andas as guerras que o estado judeu vive a declarar.
    Mas posso dizer convicto de minhas palavras que infelizmente tanto a Cisjordânia,quanto a cidade de Gaza hoje são bem piores do que era muito dos guetos nazistas.
    Simplesmente falta de tudo,desde alimento até medicamentos.Para se ter uma idéia ,muitas vezes o melhor e o mais acessível analgésico que encontrei por lá foi o éter.E acredite era muito caro e era comercializado em garrafas pets.
    É notário o abandono do governo tanto palestino quanto israelense (não estou defendendo nenhuma parte),mas espero que concorde comigo que 80% da culpa são dos israelenses,que acham que é só sobrevoar e lançar suas bombas.

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